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10.10.06

Polémica II

Vendo no seu muito conceituado jornal n.º 1793, de 28 de maio, a acusação que me é feita, com relação à distribuição do açucar nesta freguesia, pelo Sr. Joaquim Rodrigues de Lemos, venho pedir a V... um cantinho do seu jornal para esclarecer os seus leitores.
O sr. Joaquim Rodrigues de Lemos diz que eu, na qualidade de regedor, não distribuí convenientemente o açucar. Ora o sr. Lemos não pode provar com pessoa alguma que eu passei senhas para 6 quilos; para 3 quilos, sim, para os representantes da Junta de Freguesia e para os que me auxiliaram na referida distribuição.
Faz-se referência ao pêso de 850 gramas, 750 gramas, etc., e não 1.000 gramas. É menos verdade. Demais, eu apenas distribuí as senhas, não me cabendo responsabilidade na pesagem, que foi feita por dois comerciantes que não estão nas boas graças do sr. Lemos. Esta é que é a verdade.
Se a senhora a quem o sr. Lemos se refere, que é sua filha, recebeu meio quilo de açucar, sendo a sua família de duas pessoas, muitas outras casas, com família mais numerosa, receberam essa quantidade, e não foi preciso tocar viola.
Como pode o sr. Lemos provar, que minha filha, Rosa Luz de Quadros Pessoa, recebeu 4 quilos de açucar, se isso é falso?
Sabe-se perfeitamente que estas falsas acusações são motivadas por questões familiares.
Quando o sr. Joaquim Rodrigues de Lemos foi presidente da Junta desta freguesia, fez a distribuição do açucar da seguinte forma: passava senhas, recebendo por cada uma 0$02, e fazia o que queria, quer dizer, passava senhas de mais, recebendo o dinheiro, não havendo depois açucar para tôdas as senhas passadas.
E não é só isso. A tabela, nesse tempo, era de 0$50. Pois o sr. Lemos, de combinação com o comerciante sr. Saltão, a certa altura tapou as bôcas aos sacos, ficando ainda vários quilos de açucar, os quais, depois de terminada – bela distribuição, foram vendidos por duas mulheres, por vários pontos da freguesia, ao preço de 1$50. Disto eu dou provas.
E para onde foi esse dinheiro?
Eis a dignidade dos acusadores.
Com as distribuições que tenho feito, ainda não me aconteceu o que aconteceu ao sr. Lemos, que esteve prestes a ser preso, valendo-lhe um cidadão... que já não existe.
Não faço aqui a biografia do sr. Lemos para socêgo do meu espírito, mas direi que êle, para se não referir a questões familiares, vem com o docezinho. Não pega.
Peço-lhe, sr. Redactor, que me desculpe por lhe roubar tanto espaço, pelo que lhe fico muito grato.

De v. etc.
Adelino Pessoa

In A Voz da Justiça, 11 de Junho de 1920

6 comentários:

Anónimo disse...

isto por causa do açúcar, olha se fosse coca

Anónimo disse...

Se fosse coca não havia racionamento, era sempre a dar..

Anónimo disse...

se eu deixasse

Anónimo disse...

Ó Pedreiro e gaijas? Não tens por aí nada que relate as putas de antigamente.? Será que já tinham subsídio de almoço?

Luís Pedreiro disse...

Infelizmente não, perverso burguês.

Anónimo disse...

Não havia ainda subsídio ó burguês. As gajas mamavam até deitar fora, e aproveitavam para ficar c'u buxo cheio