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10.10.06

Polémica I

Cumpre-me participar a V... como é feita, hà bastante tempo, a distribuição do açucar pelos comerciantes desta localidade, assim como também a distribuição das senhas pelo ex.mo Regedor desta freguesia.
Há comerciantes nesta localidade para quem o pêso do quilo comporta apenas 850 gramas, 750 gramas, etc., e não 1.000 gramas.
Dirigindo-se na última distribuição uma senhora, e alêm desta muitas mais, a casa do ex.mo Regedor, para adquirirem uma senha correspondente a um quilo, êste deu-lhe uma senha de meio quilo; em seguida ela pergunta-lhe: então o senhor dá-me uma senha para meio quilo? Ele, fazendo uns gestos, tocando viola no peito com as mãos, respondeu: “quantas pessoas são?” “Duas” “Então fabrique-os primeiro.”
Uma filha casada do ex.mo Regedor, de nome Rosa Luz Quadros Pessoa, pôde adquirir senhas para 4 quilos de açucar; e aquela dita senhora, apenas uma senha para meio quilo? Não sei como se possa admitir isto, visto a filha do ex.mo regedor ser só e seu marido.
Houve casas de família com seis e mais pessoas que tiveram apenas meio quilo, e outras, com menos de cinco pessoas, quatro e seis quilos.
Querendo V. posso provar isto com testemunhas e para que não se repitam factos desta natureza, venho relatá-los, e, a quem competir, peço providências, como fôr de justiça.

De v. etc.
Alhadas, 20-5-920
Joaquim Rodrigues de Lemos

In A Voz da Justiça, 28 de Maio de 1920

3 comentários:

Anónimo disse...

Muit'a bom esse "remake" do passado coruupto d'Álhada. E esse tal presidente deve ser um antepassado de um outro com o mesmo apelido que também chegou a presidente da freguesia, já depois do 25 de Abril. Ou é coincidencia?

Luís Pedreiro disse...

Não tenho a certeza de que o fulano em que estás a pensar fosse presidente da Junta.
Estou em crer que ele estava para o presidente como o marquês de Pombal para o D. José...

Corruptor disse...

Exacto! Ainda no outro dia me esclareceram essa situação... O gajo não foi presidente, mas se calhar gostava de ter sido.