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11.5.06

Internet dó!

No sítio "Figueira.net" pode ler-se que "Alhadas foi elevada a vila no século XII, sob o domínio de D. Fraile Pais" e que, "Em documentos medievais, como o foral concedido a Montemor-o-Velho, por D. Teresa e D. Branca, Alhadas e Maiorca são aí referidas". Noutro parágrafo, somos informados que "Depois de ser tornado vila (sic), em meados do século XII, foi considerada ou designada Couto de Alhadas".
Gostava de saber onde foram buscar a ideia da elevação de Alhadas a vila no século XII. Por certo, o escriba de serviço não compreende o alcance do termo "villae" que surge nos documentos medievais, utilizado para designar uma comunidade rural (aldeia) ou, menos usualmente uma propriedade rústica. Quanto ao facto de Alhadas ser citada no foral das infantas (diploma datado de 1212, acrescente-se), devo dizer que se trata de outra confusão. Garanto-vos que Alhadas não é referida neste documento cuja transcrição tenho à minha frente. Alhadas e Maiorca, como outros lugares, são assinalados, sim, no foral manuelino de Montemor-o-Velho, de 20 de Agosto de 1516.
Quanto a Alhadas ter sido, após a (utópica) elevação a vila, "considerada ou designada como Couto de Alhadas", devo também manifestar a minha estranheza, pois não se trata de considerar ou designar. Alhadas veio a ser couto pela simples razão de que, em 1166, foi coutada por D. Afonso Henriques ao mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
Para rematar estas breves notas, e a propósito do coutamento de Alhadas, quero referir-me a um outro sítio que aborda o passado da nossa terra. Trata-se do "portugal.veraki.pt".
Aqui se refere o topónimo "Fonte Quente", que "apesar de pouco expressivo era já citado em 1143 por D. Afonso Henriques, numa carta de doação ao prior do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, S. Teotónio. a referida carta tratava da doação de metade das 'vilas' de 'Quiaios' e de 'Aimedi', tendo já sido comprada a restante metade, a D. Paio Guterres e D. Paio Mides, próceres afonsinos que as haviam recebido por doação, sendo assim provável que parte das 'vilas' que ficavam na íntegra a pertencer ao mosteiro e a este coutadas pelo rei, compreendessem pelo menos parte de Alhadas, se não a totalidade da povoação, uma vez que esta era seu couto e que a carta afonsina cita o seu limite no lugar de Fonte Quente."
Em primeiro lugar, como se infere do que se disse acima, Alhadas não era ainda couto dos crúzios, pois só o viria a ser em 1166. Antes disso, era senhoreada, tal como o castelo de Santa Eulália, por D. Gomes Pais.
Quanto a Fonte Quente, coloco algumas reservas quanto ao facto de ser a "nossa". Embora nada perceba de latim, por mais que observe o documento não consigo relacionar tal topónimo com Alhadas que, diga-se, nem sequer é referida no diploma em análise. Não entendo, pois, o motivo que leva o escriba a dizer que "a carta afonsina cita o seu (de Alhadas) limite no lugar de Fonte Quente" (fontem calidum, no diploma).
Por agora é tudo. O patrão não me paga para blogar. Se houver oportunidade, retomarei esta matéria com mais ponderação.
Fiquem bem.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem Sr. Pedreiro.. não sabia que o blog dos pedreiros e "vinhentos" também tratava de assuntos tão interessantes como a nossa origem histórica. Quanto à Fonte Quente tentei contactar aquele historiador salazarista que dá na televisão e ele mostrou-se indisponível para falar do assunto. Diz que estava com diarreia.

Anónimo disse...

Em virtude da nossa empresa não poder suportar os encargos que funcionários de tamanha sapiência acarretam,a sua transferência para o departamento histórico do fundo de desemprego será executada com a maior brevidade.

Anónimo disse...

Ainda mal entrei ao serviço e o patrão já me ameaça com o desemprego. Realmente, isto em Portugal um tipo só se safa com uma cunhazita.
Digo-lhe, senhor patrão: vá-se foder mais o emprego. Mais vale andar a roubar do que ser sugado pelo capitalismo selvagem.