O Manuel Maria publicou um livro para explicar os motivos da sua derrota nas eleições autárquicas em Lisboa (2005).
Ignorante que sou, pensei que o rapaz havia perdido por insuficiência de votos para o efeito. Afinal, o desaire terá explicações mais profundas, pelo que o doutor Maria, talvez para não chamar mentecaptos aos que nele não votaram, atira-se, segundo parece, aos órgãos de comunicação social e analistas políticos.
O livro, modestamente intitulado "Sob o Signo da Verdade", foi apresentado por Emídio Rangel, o qual foi taxativo: "certamente incomodará muitas pessoas".
E não se engana o Rangel, também ele um Carrilho desta vida, sempre ligado a tudo quanto cheira a poder e dinheiro ou vice-versa, qu'isto das filosofias enche pouco a barriga. Aliás, eu, que nem sequer votei em Lisboa, até fiquei um bocadito incomodado, pois não tenho paciência para maus perdedores.
O Sr. Manuel faz-me lembrar os cromos da bola. Não fosse a bola no poste, a comunicação social, os jogadores adversários possuírem jogadores com ambos os pés ou, invariavelmente, o filho da puta do árbitro...
Contudo, o Sr. Carrilho não brinca em serviço e vai de contratar um craque para agradar à massa associativa. E logo o extremo esquerdo Zé Saramago, comprado a custo zero a um dos clubes rivais. Segundo apurei, a transferência só foi possível porque o atleta, apesar de predestinado para a modalidade, tinha uns problemazitos com o regulamento de disciplina, criando mau ambiente no balneário.
Certo é que o jogo foi perdido por números esclarecedores. Apesar disso, o Manuel Maria não resistiu a disparar em todas as direcções, chegando mesmo a insinuar que o árbitro perguntou por fruta e bebeu café com leite.
Apesar de não ter sido convocado para o jogo, devido a uma lesão no pé direito, Saramago não se coibiu de comentar as incidências da fatídica partida. Instado pelos jornalistas a comentar o anti-desportivismo do treinador, o talentoso esquerdino refugiou-se nos lugares-comuns do futebolista mediano, considerando que se tratou do "depoimento objectivo e fundamentado de alguém que travou uma batalha e a perdeu", não deixando de sublinhar que a derrota "dá-nos a saber como, porquê e por quem foi vencido". Nem o João Pinto dos Prognósticos diria melhor. O que certa gentinha faz para justificar os fracassos...
Moral da história: espera-se que os cromos da bola não sigam este exemplo e desatem a escrever livros, que não haveria eucaliptos para dar vazão.
Moral da história 2: o doutor Carrilho, autor de uma vasta obra filosófica que poucos conhecem e que só o próprio compreenderá, transmite-nos a ideia, mais do que de menino mimado, de homem ressentido com todos aqueles que não comungam da crença que o anima: que a humanidade não merece a sua inteligência celestial.
Eu imagino qual será o problema dele...
Tem, no seu próprio lar, um desafio a vencer que estará além das suas potencialidades.
É que aquilo deve ser muito jogo para quem está habituado a ganhar na secretaria...
3 comentários:
Muito bem sr. Caga Boi,o seu raciocínio está excelente e a sua conclusão está Bárbara.
É mesmo isso,muito Carrilho e pouco Carralho...!
Eu não o diria melhor, Prof. Martelo. Por favor, não me queira tirar o tachito, logo você que tem tantos. Até já ouvi dizer que vai comentar o Mundial na RTP.
I say briefly: Best! Useful information. Good job guys.
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