É o oásis, senhores...

A propósito das atribulações do “oásis” da Figueira da Foz, o “Público” de ontem citava algumas passagens do livro “Figueira, a Minha História”, da autoria do ficcionista Pedro Santana Lopes.
E digo ficcionista sem qualquer ironia…
“Chegava à janela de minha casa na marginal, numa noite de verão, e via milhares e milhares de pessoas na rua. Filas de horas nos restaurantes para um jantar. A oferta não estava preparada para este boom de procura. Os comerciantes nunca fizeram tanto dinheiro como nesse ano. Os figueirenses até estavam felizes”.
Fico sem palavras e avanço com outro passo do dito livro, no qual o autor implicitamente admite ter-se alucinado:
“Isto dá para tudo, pensava, diante do imenso areal. A intervenção na praia marcaria todo o mandado, mas o primeiro ano faria a diferença. No resto do país ainda hoje se fala no Oásis como a obra de Santana Lopes na Figueira. Mas dezenas de árvores no areal foram a parte minúscula de um trabalho maior”.
E acrescento ainda outra afirmação do livro do Sr. Santana, na qual o autor, muito candidamente, se demarca de qualquer responsabilidade na atrofia financeira do órgão executivo municipal:
“Devo muito a esta terra, mas procurei estar à altura do desafio. Deixei no concelho não um palmeiral na areia, mas um trabalho desenvolvido em todas as frentes”.
O trabalho que o homem desenvolveu “em todas as frentes” é ainda hoje visível: por falta de crédito no concelho, para adquirir objectos tão prosaicos como cabos de picareta, manda-se os motoristas municipais ferrar o calote à Tocha, freguesia do concelho de Cantanhede...