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11.10.07

Não sei quem escreveu... mas está fantástico!!!

Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."


E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs
Primos-entre-si.


E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.


Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.


Romperam convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.


Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.


E casaram-se e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
se torna monotonia.


Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.


Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.


Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.


Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade


Como aliás, em qualquer
Sociedade.

6 comentários:

Anónimo disse...

Isto tem fabas

Anónimo disse...

não vejo nada de fantástico

Corruptor disse...

Millôr Fernandes. É fácil descobrir.

sinal de transito disse...

ta se bem, o problema é a cor do post, um gajo tem que estar colado ao monitor para conseguir lêr...

asardanisca disse...

não me tinha apercebido desse pormenor... no meu monitor lê-se bem...

Ceptocínico disse...

Na minha pobre e conturbada mente sempre achei que as matemáticas, os números, essas coisas são cheias de poesia, embora não sabendo como explicar. O Millôr, seja ele quem for, agarra e faz poesia com elas. Artista. Gostei.