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21.12.06

Uma história

Uma situação que vivi e me perturbou bastante, pois contribuiu até para perturbar as minhas relações de amizade com duas pessoas. Acabaram por parar de falar comigo. Uma pelo motivo que vou relatar. Outra, por outros motivos e provavelmente também por esse.

Sou dador de sangue regular. Meses atrás o Instituto Nacional de Sangue veio fazer uma colheita à Figueira da Foz, o que faz também com alguma regularidade.

Entrei no edifício, Assembleia Figueirense, subi a escadaria, cumprimentei os presentes, que eram bastantes, e marimbei-me para os ausentes. E, como era meu dever, encostei-me à balaustrada da escadaria atrás da pessoa que tinha chegado imediatamente antes de mim. Pacientemente, aguardei a minha vez.

Entretanto fui observando. Imediatamente antes de mim encontravam-se dois indivíduos e duas ou três senhoras. E mais para a frente mais gente anónima. Os primeiros que referi fazem parte integrante da história. Daí a referência. Uma das Senhoras é minha conhecida, pessoa afável, que conheci através de relações profissionais e com quem mantinha uma relação de amizade, se assim se pode dizer. Esta Senhora estava cinco posições na minha frente.

Eis senão quando, trinta a quarenta minutos após a minha chegada, surge outra Senhora. Colega de trabalho da minha amiga (?) que referi, e como vim a constatar, colega de trabalho dos dois indivíduos que estavam antes de mim. Com todo o ávontade vai entabular conversa com a colega e por ali fica. Normal, pensei. Como pessoa civilizada que é, sabe concerteza qual é o lugar dela na fila e está apenas a passar o tempo na conversa.

Todavia, o tempo vai passando, vamo-nos aproximando da porta do salão onde se estão a desenrolar os acontecimentos e começo a desconfiar dos propósitos da Senhora. Esta, já quase ao pé da porta, faz um esforço para espreitar para dentro, encosta-se na ombreira e eu começo a prever chatices. Sondo os dois indivíduos que estão na minha frente. É aí que me apercebo que estes, são colegas das outras. Encolhem os ombros. Balbuciam umas palavras que não entendo. Apercebo-me ali de alguma subserviência. Elas são do escritório. Eles são do trabalho braçal e não se dão valor. Não têm auto estima. Faço-lhes saber que vou tomar uma atitude. Claramente lhes digo que a Senhora não vai ser atendida na minha frente. Encolhem os ombros

Finalmente, a Senhora entra na sala para ser atendida. Atento, imediatamente salto na sua peugada. Entro de rompante na sala aproximando-me da secretária onde a Senhora já estava de documentos em riste. Educadamente, digo-lhe que primeiro sou eu, visto ter chegado antes dela. Olha-me com um olhar carregado de ódio – autêntico -. Diz qualquer coisa que não recordo demonstrando-me que está com a razão. Insisto educadamente. Digo-lhe que entrei antes dela trinta a quarenta minutos. Olho para trás, para os outros que estavam na minha frente na fila. Desta vez já não à procura de apoio, mas consciente de que lhes estou a passar à frente. Continuam os encolher de ombros. Apetece-me esmagar-lhos. Os ombros claro. Sigo para o atendimento.

Volto a encontrar as Senhoras sentados à mesa a comer a sandes da praxe após a dádiva. A protagonista olha-me com aquele olhar de ódio e balbucia de forma imperceptível, sei lá o quê. A outra dá ares de donzela ultrajada, e questiona-se alto “para quê tudo isto meu deus” ou coisa do género. Achei inútil reagir. Apercebi-me que iria ser mais imbecil do que elas. Comi a minha sandes, bebi a minha cerveja zero, e fui à minha vida.

E agora o que mais dói. No primeiro parágrafo referi duas pessoas. A primeira é a “donzela ultrajada”. A segunda, aquilo que eu considerava uma verdadeira amiga. Por coincidência, também trabalhadora da mesma empresa e como tal colega das primeiras.

Na primeira oportunidade falei-lhe no assunto na busca de alguma compreensão. O que é que eu fui fazer!. Já conhecedora da história imediatamente me disse que se eu soubesse das razões da colega não teria agido assim. Sendo certo que a colega, quando me passou à frente na fila, não me apresentou razões nenhumas. Nada. Logo, eu não podia conhecer essas razões.

Rapidamente percebi que mais uma vez era o mau da fita, não valendo a pena argumentar. No entanto, ainda deu para perceber as razões de “Estado” que levaram a mulher a tentar passar-me a perna. Esta, há-de ser qualquer coisa como secretária ou imediata do chefe ou gerente ou lá o que é da empresa onde trabalham. Como tal tinha que prestar assistência ao chefe – ir buscar o cafezinho, passear o cachorrinho, despejar o peniquinho, essas coisas -. Tudo muito mais importante do que o trabalho das pessoas que estavam na fila antes de a mulher chegar.

Fiquei desconcertado. E triste.

7 comentários:

Anónimo disse...

Na próxima oportunidade, atropela-as...

Anónimo disse...

típico do universo humano. manter uma amizade até à primeira desculpa de "ultraje", para pular fora. é assim.

Anónimo disse...

Eu não te enrabo porque desdanho do dinheiro.

Unknown disse...

Esta merda dos sidosos e dos drogados agora também darem sangue é que é preciso acabar...

Anónimo disse...

quando precisares de sangue, pensa bem, olha q eu também já dei e sou MESMO sidoso e drogado e ele foi aceite na mesma. pode ser q tenhas sorte..

Unknown disse...

Sorte era nascer-te um castanheiro no cu e ser Outuno durante todo o ano para cagares ouriços...

Anónimo disse...

este brutus é mesmo uma ganda merda.
uma merda que anda sempre a mudar de nome, aliás
típico de quem não tem personalidade