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26.6.06

Censura protocolada (e remunerada)

O assunto que aqui me traz podia passar-se na Colômbia, na Coreia do Norte, em Angola... ou na Madeira. Mas não. Passa-se no concelho de Vila Nova de Gaia.
Os órgãos de comunicação social da área do referido município, para partilhar um bolo chamado "publicidade institucional" (avaliado em 150.000 euros) assinaram um protocolo com a mesma autarquia, cujo órgão executivo é liderado pelo conhecido Luís Filipe Menezes, homem que não é sulista nem elitista.
O protocolo é engraçado, como o resineiro...
Segundo cita a revista Visão, lê-se no documento que os tais órgãos de comunicação social se obrigam a "manter ou adoptar uma informação onde predomine a realidade específica do concelho, tendo em vista a promoção do seu desenvolvimento e os interesses da respectiva população, acompanhando adequadamente os actos públicos bem como toda a actividade da Câmara e empresas municipais".
Espantoso!!!
Órgãos de comunicação social comprometem-se fixar-se na "realidade específica" de um concelho, em nome dos "interesses da população", dispondo-se a acompanhar "adequadamente" a actividade camarária...
Parece-me que a realidade específica do concelho se resume aos interesses do Menezes; os interesses da população coincidem com os de uma elite mesclada de empreiteiros, imobiliárias e empresários diversos; o adequado acompanhamento é deixar correr o marfim...
Mas o que eu digo não conta e adiante:
Espantoso é também que o redactor da Visão, evidenciando que os merdosos órgãos de comunicação social não foram obrigados a assinar o tal protocolo (era o que mais faltava...), escreva:
"A realidade é que não tinham alternativa, caso pretendessem uma quantia decisiva para a sua sobrevivência". Deve dar muito valor ao tachito, o raio do redactor...
Cá para mim, se uma publicação não sobrevive sem subserviência, pura e simplesmente devia fechar as portas. Mas também admito que há muita gente que, como dizia o saudoso e sempre vivo Zeca, não se importa de comer pão que sabe a merda.
Como é evidente, tais questões éticas não se colocam a esta cáfila, como se infere das palavras do director de um dos jornais que assinou o protocolo, o qual, com uns tomates do tamanho do cérebro da Lili Caneças, solicitou o anonimato para dizer:
"Ficou claro para todos que para recebermos a verba, tínhamos de assinar ou ficar de fora de qualquer apoio. E também percebemos que convém falar de Gaia pela positiva".
Foda-se! Estes gajos teriam dado um jeitão ao Salazar. E eu a pensar que broches deste nível, em Portugal, só seriam possíveis na ilha da Madeira...
Curiosamente, a câmara de Gaia (melhor dizendo o Menezes) só recorreu ao protocolo por motivos de "distribuição equitativa da publicidade", pois está consciente da "importância capital" que assumem os euros que distribuem pela imprensa local. Acredito que sim...
O "Jornal dos Carvalhos", segundo a fonte que venho citando "tradicionalmente crítico com as políticas da autarquia, não foi chamado a subscrever o documento". Até admira...
Moral da história: órgãos de comunicação social ou caixas de ressonância?
Passo-me com esta merda!

6 comentários:

Anónimo disse...

O porco do tal Jata trabalha num desses jornais de Gaia?

Anónimo disse...

Enrabem esses vendidos

Gandarro disse...

A voz das figueira tambem se vai safando com os 10 euros de assinatura anual? Mudaram da publicidade ao Lidio Lopes para publicitar o Papas e Tapas

Anónimo disse...

Eu acho que é uma pena a Voz da Figueira ainda se ir safando. Por mim acabava já hoje

Anónimo disse...

E já agora junte-se-lhe O Figueirense e o Correio da Figueira. E se puder ser As Beiras e o Diário de Coimbra. Todos juntos não valem um.

Anónimo disse...

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