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19.3.08

Artigo não se sabe de quem - para a geração dos 30

Está demais não resisti a Postar...

*A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida. E está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam os trinta. O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando lhe falei no Tom Sawyer. 'Quem? ', perguntou ele.

Quem?! Ele não sabe quem é o Tom Sawyer! Meu Deus... Como é que ele consegue viver com ele mesmo? A própria música: 'Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além...' era para ele como o hino senegalês cantado em mandarim.

Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não conhece outros ícones da juventude de outrora. O D'Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar de roupa (era às voltas, lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a mesma coisa. Naquela altura era actual... E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração :

O Verão Azul. Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada.

Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não passaram, o que os torna fracos: Ele nunca subiu a uma árvore! E pior, nunca caiu de uma. É um mole. Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema. Ele não se transformava num super-herói quando brincava com os amigos. Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas obras e que depois personalizávamos.

Aliás, para ele é inconcebível que se vá a uma obra. Ele nunca roubou chocolates no Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção.


Confesso, senti-me velho...

Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador. Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft.

Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros. Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e fazer exames a possíveis infecções, e depois está dois meses em casa fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído. Doenças com nomes tipo 'Moleculum infanticus', que não existiam antigamente.

No meu tempo, se um gajo dava um malho muitas vezes chamado de 'terno' nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse.

Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos. Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo. Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia. E sabíamos viver com isso. Não estamos cá? Não somos até a geração que possivelmente atinge objectivos maiores com menos idade? E ainda nos chamavam geração 'rasca'...

Nós éramos mais a geração 'à rasca', isso sim. Sempre à rasca de dinheiro, sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro. Agora não falta nada aos putos.

Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de presente de anos e Natal, tudo junto. Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo.

Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta.

Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada dez putos sejam cromos. Antes, só havia um cromo por turma. Era o totó de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas.

É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada.

9 comentários:

Anónimo disse...

fantástico. já tinha lido uma versão diferente que anda por aí de mail em mail, mas esta do Marckl arrasa

Anónimo disse...

grandas mamas. não tem por aí o mail da garota que faz o streap?

Anónimo disse...

temos o mail do paneleiro do karaoke. serve?

Corruptor disse...

Merda de brasileiro! Olha, curti tótil o texto.

Violeto disse...

Na minha rua ainda há putos a jogar à bola, a andar de bicicleta, a correr e a saltar, a esfolar os joelhos e mais importante ainda, a (re)inventar brincadeiras. Eu observo e regozijo.

JPinto disse...

Eu identifiquei-me mesmo com este texto do Markl, apesar de eu ter tido a sorte de ter um Spectrum 128K (que já tinha o leitor de cassetes incorporado).

Mas a verdade é que eles não sentem as necessidades que nós sentimos, o que não quer dizer que isso seja propriamente mau, porque nós também não sentimos as das gerações anteriores.

Carimbo Azul

Anónimo disse...

TINTIN

Fabuloso... No entanto faz de facto pensar, no que me diz respeito, a parte de culpa que tenho por os meus filhos serem assim (sim porque eu tenho dois filhos que parecem estar descritos no texto)...alguam coisa vai mudar cá em casa...VIVA A RUA...

Fly disse...

Este texto NÃO é do Nuno Markl.

Ele já por diversas vezes disse que nunca escreveu este texto e que até nem está de acordo com grande parte do mesmo.

Não sei quem foi o autor, mas tenho a certeza que o Markl não foi.

sinal de transito disse...

fui investigar essa sena que o Fly disse, e na Realidade o texto não é mesmo do Nuno Markl. Por isso deixo aqui a resposta dele:

"Dizem-me que está de volta: o famigerado e-mail sobre a "geração rasca" cujo texto me é atribuído. Para aí de dois em dois anos tenho de fazer este aviso: não se fiem na conversa. Eu não escrevi nem uma linha desse texto que, para além de andar pelos e-mails, anda também em blogs,
Quem conhece minimamente a minha escrita, sabe que eu nunca escreveria tal coisa. É claro que me revejo em todas as referências aos anos 80 que lá estão, como qualquer tipo que nasceu nos anos 70. Mas nunca me passaria pela cabeça escrever qualquer coisa como isto - que ainda por cima é logo o que abre o artigo:

A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida.
Só esta frase já é, para mim, um disparate tão grande, uma coisa tão paternalista e arrogante! A juventude de hoje não é nem melhor, nem pior que a dos anos 80: é diferente. Não está perdida. É capaz de ter perdido umas coisas, mas ganhou outras. Este texto é tão retrógrado e saudosista que nunca poderia ter saído das minhas teclas. Por isso, peço desculpa a quem gosta dele e que acha que foi obra minha. Não foi. E nem sei como é que estas coisas funcionam: não percebo exactamente o que ia na cabeça de quem achou por bem apagar o nome do verdadeiro autor destas linhas (que, aqui há tempos, já me disseram quem foi mas sinceramente não me lembro - e creio que ele também nunca se chegou à frente para reclamar a autoria disto) e colocar o meu. Eu sei que daqui a mais uns tempos vou ter de voltar a desmentir isto, mas para já aqui fica o esclarecimento: não escrevi isto nem nunca poderia ter escrito. Olho com estima para a minha juventude e infância, mas não presumo que tenha sido superior à de qualquer pessoa mais nova do que eu. E digo mais: sim senhor que tínhamos o Dartacão - mas não tínhamos a Internet!"